Juventudes,
Crisma e o afastamento da vida comunitária
Talvez a questão mais nítida
para se colocar seja que nunca estiveram inseridos na utopia de Jesus da vida
comunitária. São passantes não consubstanciados nos fundamentos mais
elementares que a fé cristã coloca-nos como exigência. Logo, surge a
interrogação angustiante: mas por quê? Se algo não vai bem, que fazer? Como
fazer? De onde partir? Da dialética (combinação) entre o conteúdo e a forma.
Mas, acrescento, também, entre os pressupostos: olhar atento e abraço.
Nossa última reunião de
pastoral diocesana (04/04/17) versou sobre o sacramento da Crisma e, por isso,
faço ressoar algumas experiências que podem ajudar na compreensão de questões
apresentadas naquela manhã. Tento mostrar-me prático, direto e objetivo. Minha
reflexão nasce do resultado de uma consulta feita pela coordenação diocesana de
catequese que buscava apresentar uma panorâmica geral da realidade que envolve
nossa catequese de crisma. Que fazer,
então, para que possíveis trilhas mais floridas apareçam?
·
Recebimento e apresentação dos crismandos(as):
a técnica seja real e menos imaginária. Já chegam até nossas comunidades com
limites profundos nas bases que antecedem a Primeira Eucaristia, durante a
preparação para a Eucaristia Primeira e Perseverança. Logo, a necessidade se
falar uma linguagem comum entre os níveis. Assim, uma possibilidade se abre ao
receber gente nova.
·
Menos doutrinação ou sugestão-imposição de
verdades sem beleza na experiência de fé da juventude
·
Inserção profunda, lenta e gradual na vida
dos mesmos. O antes, o durante e o depois. Não basta o banco de dados para
cobrança.
·
Conteúdo da fé tendo como base a ação
vivificadora libertadora de Jesus Cristo.
Para
tal, a Sagrada Escritura apresenta-se como fontal. Nossas (os) catequistas
sugerem familiaridade mínima com a Escritura no sentido de aproximação “texto,
contexto e pré-texto”?
·
Ainda do horizonte conteúdo: formação mínima
e aprofundada sobre a teologia do sacramento da Crisma. Nossas lideranças o
têm?
·
“Palavras morrem nos lábios. O testemunho faz
dobrar joelhos”. Importante que lideranças atentem-se ao testemunho vivo e coerente
em todos os âmbitos da vida sócio-religiosa. Foi-se o tempo que ser catequistas
para dentro da igreja já bastava e convencia. Estamos nas sociedades complexas
que forja seres humanos complexos. Ainda mais, tratando-se de adolescentes e
com possibilidades de projetarem sonhos ou serem castrados ou castrarem-se.
·
Não se promover ao serviço de catequese de
crisma pessoas sem o mínimo dom ou dedicação ao Reino. Interesses, amizades,
tradição: são questões que prevalecem em algumas realidades. O critério é
vocação inquietante que nos faz atuar entre o planalto ( a Transfiguração) e a
planície ( a Samaritana). Enfim, os sete “sinais” presente no Evangelho de
João.
·
Atualização constante de conteúdo e técnicas.
A sociedade da velocidade e do movimento (vide Manuel Castells, Zygmunt Bauman
e João Batista Libânio) exige lideranças motivadas e que se movimentem.
Mostra-se com o Catecismo Romano às mãos ou desfilar com o mesmo respondendo
exigências do hoje com luzes do passado é caminhar aquém do tempo e do espaço.
·
Inserção
de crismandos na dinâmica da vida paroquial e ou comunitária. Como sujeitos da
experiência. Nasce da realidade, de cada situação. Que não sejam compreendidos
como meros consumidores de sacramento. Fome passa e o que permanece é a
necessidade do alimento. Eles são vida presente da Igreja. O futuro não existe.
·
A presença do ministro ordenado como
testemunha e colocando-se do lado é marcante. Jovens buscam seus “ídolos” (imagens
a contemplar). O estar junto no conteúdo religioso e nas dinâmicas da vida
comum como lazer e sonhos. Os jovens são nossas eternas crianças crescidas.
·
Que nossas comunidades tornem-se mais e mais casa da juventude. Sem medo e com
disponibilidade gratuita de espaço e programações que lhe contemplem. Sabe-se, o
quanto a Baixada é carente de espaços culturais onde prevaleça a cultura do
“pão, da saúde e do prazer”. O espírito da catequese de crisma necessita
converter-se para tal testemunho. Aqui, voltemos à abertura de párocos,
diáconos e conselhos comunitários. Não podemos esconder nossa fragilidade ou
medo em assumir aberturas e compromissos que nos desalojem de certos comodismos
sejam íntimos, sociais ou políticos.
(Diácono
Adailton Maciel Augusto/ Paróquia Imaculada Conceição/Belford Roxo)
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